Projeto social incentiva o ingresso de pessoas negras no mercado de tecnologia
Um estudo desenvolvido pela PretaLab, em parceira com a Thoughtworks, revelou que a área de tecnologia no Brasil é composta majoritariamente por homens (68%), brancos (58,3%), de classe sócio-econômica média e alta, que começaram a sua trajetória nos centros formais de ensino.
No entanto, a estatística não representa um retrato social do Brasil, onde atualmente residem 55,5% de pessoas negras, sendo 28% delas mulheres, conforme dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Diante deste cenário, a organização sem fins lucrativos Escola da Nuvem atua para incluir mais pessoas não brancas no mercado de trabalho por meio da capacitação de pessoas em situação de vulnerabilidade social.
“Vivemos uma cultura em que os brancos são os que ocupam esses espaços, principalmente os de liderança. Acredito que não são só os negros que deixam de ter uma boa educação hoje no Brasil, mas ainda assim existe aquele preconceito de estar num lugar em que todos olham e acham que não é para você estar ali”, defende Leandro França, voluntário na Escola da Nuvem, em nota à imprensa.
Hoje, a organização trabalha para incentivar os jovens a seguirem carreiras em tecnologia e cloud computing (em português, computação em nuvem), área dedicada ao armazenamento de dados e capacidade de computação.
No projeto, além da certificação em fundamentos de nuvem, como AWS e Microsoft, os alunos também recebem um acompanhamento sobre as habilidades comportamentais requisitadas na área de tecnologia e trilha de carreira até conquistarem o primeiro emprego.
Leandro ainda ressalta que, mesmo com a existência de projetos sociais como a Escola da Nuvem, há uma dificuldade para alunos negros fora do estado de São Paulo ingressarem e/ou permanecerem no setor.Os dados também reforçam esse ponto de vista. Segundo o estudo “Panorama de Talentos em Tecnologia”, feito pelo Google for Startups com o apoio da Abstartups e da Box 1824, 43% das oportunidades em tecnologia estão concentradas apenas no estado de São Paulo, um desafio para a construção de talentos em visão nacional.
“Moro no Nordeste e percebo que existe uma grande diferença em relação às empresas criadas e em atividade, porque a minoria está aqui. Isso é muito difícil quando se trata de empregabilidade, principalmente com a dificuldade de encontrar um trabalho que seja totalmente remoto”, comenta o voluntário, que critica a falta de posicionamento por parte do mercado para que este cenário mude.
“Quando chegar esse momento de ter mais e mais pessoas negras atuando em tecnologia, desenvolvendo, criando, implementando, será muito significativo para toda humanidade, porque vamos deixar de ter softwares e produtos tecnológicos que são criados a partir de algoritmos racistas”, defende.
Além disso, Leandro acredita que, a partir destas ações, o Brasil pode experimentar uma redução na desigualdade social e um maior respeito pela comunidade negra. “A partir do momento que um negro ou um cidadão qualquer tiver a possibilidade de crescer no mundo da tecnologia de forma igualitária, onde todos possam ter acesso às mesmas informações, acontecerá uma transformação”, conclui.
Para mais informações, acesse o site oficial do projeto Escola da Nuvem.
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